No passado, o transtorno bipolar era conhecido pelo nome de psicose maníaco-depressiva, uma doença psiquiátrica caracterizada por alternância de períodos de depressão e de hiperexcitabilidade ou mania. Nesta fase, a pessoa apresenta modificações na forma de pensar, agir e sentir e vive num ritmo acelerado, assumindo comportamentos extravagantes como sair comprando compulsivamente tudo o que vê pela frente, ou então investindo em empreendimentos acreditando que renderão lucros vertiginosos, ou envolvendo-se em experiências perigosas sem levar em conta o mal que podem causar.
Sabe-se que os transtornos bipolares estão associados a algumas alterações funcionais do cérebro, que possui áreas fundamentais para o processamento de emoções, motivação e recompensas. É o caso do lobo pré-frontal e da amígdala, uma estrutura central que possibilita o reconhecimento das expressões fisionômicas e das tonalidades da voz. Junto dela, está o hipocampo que é de vital importância para a memória. A proximidade dessas duas áreas explica por que não se perdem as lembranças de grande conteúdo emocional. Por isso, jamais nos esquecemos de acontecimentos que marcaram nossas vidas, como o dia do casamento, do nascimento dos filhos ou do lugar onde estávamos quando o Brasil ganhou o campeonato mundial de futebol.
Outro componente envolvido com os transtornos bipolares é a produção de serotonina no tronco-cerebral (o cérebro arcaico), uma substância imprescindível para o funcionamento harmonioso do cérebro.
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SEU FILHO É BIPOLAR?
Não existem testes padronizados para transtorno bipolar, mas esta lista, adaptada do livro “The Bipolar Child”, pode ajudá-lo a reconhecer alguns sinais de alerta. Assinale os comportamentos que seu filho atualmente apresenta ou apresentou no passado. Se você assinalar mais de 20 itens, ele deveria ser examinado por um profissional da área.
Seu filho:
1- Fica aflito demais quando separado da família;
2- Demonstra ansiedade ou preocupação excessiva;
3- Tem dificuldade para levantar-se pela manhã;
4- Fica hiperativo e excitável à tarde;
5- Tem sono agitado ou dificuldade para conciliar o sono;
6- Tem terror noturno ou acorda muitas vezes no meio da noite;
7- Não consegue concentrar-se na escola;
8- Tem caligrafia pobre;
9- Tem dificuldade em organizar tarefas;
10- Tem dificuldade em fazer transições;
11- Reclama de sentir-se aborrecido;
12- Tem muitas ideias ao mesmo tempo;
13- É muito intuitivo ou muito criativo;
14- Distrai-se facilmente com estímulos externos;
15- Tem períodos em que fala excessiva e muito rapidamente;
16- É voluntarioso e recusa-se a ser subordinado;
17- Manifesta períodos de extrema hiperatividade;
18- Tem mudanças de humor bruscas e rápidas;
19- Tem estados de humor irritável;
20- Tem estados de humor vertiginosamente alegres ou tolos;
21- Tem ideias exageradas sobre si mesmo ou suas habilidades;
22- Exibe um comportamento sexual inapropriado;
23- Sente-se facilmente criticado ou rejeitado;
24- Tem pouca iniciativa;
25- Tem períodos de pouca energia, ou alheamento, ou se isola;
26- Tem períodos de dúvida sobre si mesmo ou de baixa estima;
27- Não tolera demoras ou atrasos;
28- Persegue obstinadamente suas próprias necessidades;
29- Discute com adultos ou é mandão;
30- Desafia ou se recusa a cumprir regras;
31- Culpa os outros por seus erros;
32- Enerva-se facilmente quando as pessoas impõem limites;
33- Mente para evitar as consequências de seus atos;
34- Tem acessos de raiva ou fúria explosivos e prolongados;
35- Tem destruído bens intencionalmente;
36- Insulta cruelmente com raiva;
37- Calmamente faz ameaças contra outros ou contra si mesmo;
38- Já fez claras ameaças de suicídio;
39- É fascinado por sangue ou coágulos;
40- Já viu ou ouviu alucinações.
POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO NA INFÂNCIA
Tratar crianças com transtorno bipolar não é fácil, mas, atualmente, pelo menos é possível. O primeiro passo, em geral, é prescrever medicamentos. Depois vem a psicoterapia individual, a terapia familiar e as mudanças no estilo de vida.
RECURSOS TERAPÊUTICOS
Lítio – O tradicional esteio, atenua os sintomas através da regulação dos neurotransmissores, mas não funciona para todas as pessoas.
Medicamentos anticonvulsivantes – Inicialmente usados no tratamento da epilepsia, esses medicamentos ajudam a controlar as crises de mania.
Antipsicóticos atípicos – Medicamentos utilizados para ajudar os esquizofrênicos a vencerem os delírios podem fazer o mesmo pelos bipolares.
Antidepressivos – Apresentam o risco de aumentar os ciclos do transtorno bipolar, mas seu uso pode ser necessário como parte da associação de medicamentos.
Estilo de vida – Rotinas como, por exemplo, a fixação dos horários de dormir e acordar, são fundamentais; o uso de cafeína deve ser restringido e os adolescentes devem evitar o uso de drogas e álcool.
Psicoterapia individual – Crianças precisam de aconselhamento para ajudá-las a equilibrar o sono, a alimentação, o trabalho e a diversão; precisam também falar sobre problemas em casa e resolver conflitos que possam desencadear as crises.
Terapia familiar – Os pais devem aprender quando ceder – isto é crucial no início do tratamento – e quando devem ser firmes. Contendas ou disputas familiares devem ser reduzidas ao mínimo. Os irmãos podem servir como olhos e ouvidos confiáveis para uma criança cujas percepções estão confusas.